Escurecer para depois Renascer - 21/06/20
Imagem: Bryan Goff
Estamos em plena Lua Escura, Eclipse Solar e Solstício de Verão. São muitos eventos de uma só vez, o que nos leva a reflectir sobre tudo o que é preciso escurecer em nós. O que precisamos deixar ir para renascer. O que precisa ser transformado e trabalhado em nós. Usemos as ferramentas, os recursos internos ao nosso dispor, as capacidades e habilidades mentais e físicas e as inteligências de que dispomos para rever a nossa vida.
É tempo de nos movermos para dentro, através da nossa consciência e da nossa vontade expressa. É preciso querer. É preciso abrir mão do que já pensamos que sabemos. É preciso largar a crença firme e arreigada que nada mais há a aprender, nada mais há a fazer, nada mais tem solução.
Há quem diga que é preciso ser forte para atravessas as duras e penosas sombras da alma. Eu diria que é preciso ter um coração de criança. Uma inocência consciente, uma fé inabalável e uma alegria inesgotável. É preciso tornarmo-nos vulneráveis, atentos e focados em vez de fortes e inabaláveis.
Ser forte ou ter que ser forte, torna-se uma exigência, uma obrigação. E tudo o que nos leva para o campo da exigência torna-nos duros e inflexíveis.
Não precisamos ser fortes para atravessar as sombras, não precisamos ser heróis nem heroínas para olhar para nós mesmos de frente e encarar os nossos medos, as nossas frustrações, os nossos vazios, as nossas dimensões negras que nunca queremos revelar a ninguém, nem a nós mesmos.
Na verdade, por tanto as querermos ocultar, acabamos por lhes conceder espaço para as tornar visíveis.
E elas, as sombras, revelam-se!
De uma forma ou de outra, a nossa sombra move-se no escuro, na cave, no sótão, nos lugares escuros da nossa casa interna.
E isso acontece enquanto não acendermos a luz, a nossa luz interior, e virarmos o foco na direcção dessas sombras que se movem como personagens de um filme de terror, na penumbra, prontas para nos atacar, na primeira oportunidade.
Somos atacados por nós mesmos, e enquanto isso não ficar esclarecido e claro nas nossas mentes e nos nossos corações, não pararemos de acusar os outros de serem eles a causa das nossas desgraças, dificuldades, dores e desamor.
É preciso polir a lâmpada de Aladino para que o génio saia e nos mostre o que precisamos de ver. O que estamos dispostos a fazer em troca de uns momentos de amor ou atenção. O quanto, sem disso termos consciência, pedimos que algo exterior chegue a nós para nos salvar, o quanto rezamos por um génio, por uma fada-madrinha, por um príncipe ou por uma princesa encantados, ainda que jamais o admitamos.
O que estamos dispostos a fazer em troca de uns momentos de amor ou atenção? Porque afinal é disso que se trata. Só queremos que alguém nos veja, nos escute, nos olhe, nos valide, nos proteja, nos aceite, nos ame...
Mas nós aceitamo-nos tal qual somos?...
É que para nos amarmos incondicionalmente temos de aprender a aceitar quem somos e para isso temos de aceitar que somos uma partícula de Deus Pai/Mãe e para isso temos de reconhecer o Divino em nós e para isso já temos de adentrar dimensões que nos deixam incomodados, amedrontados, com tonturas e dores de cabeça, que depois, alguns sem saber do que falam, atribuem à abertura de portais, a números repetidos e a seres de luz que os vêm salvar…
Ninguém nos salva de nós… Só nós, cada um de nós, ao reconhecer o Divino, o Sagrado, dentro e fora, se pacificará e se iluminará e então aí sim. Aí pode resplandecer de novo como o Sol depois do eclipse ou como a Lua depois da fase escura que começa a espreitar lentamente por cima das nossas cabeças.
Chegará porém o momento, ajustado para cada um de nós, em que compreenderemos, pois far-se-á "LUZ" ou seja ganharemos essa consciência, ou ainda por outras palavras: teremos acesso a esse conhecimento de que tudo começa em nós mesmos, e de acordo com essa premissa, somos nós que precisamos de nos ver a nós mesmos, de nos escutar a nós mesmos, de nos sentir a nós mesmos, de nos validar... proteger e abençoar a nós mesmos, de nos Amar... sem condição, sem reserva, que é o mesmo que dizer: INCONDICIONALMENTE!
O dia de hoje, sendo governado pelo Número 13, propõe que "morramos". Este é um tempo de morrer, de transformar, de deixar ir. Curiosamente este Número 13 é o Número do Arcano da Morte, no Tarot, em tempos chamado de Arcano Sem Nome, tal era o medo que as pessoas tinham de proferir a palavra "Morte".
Esta Morte é uma bênção, é como um eclipse ou como uma Lua Escura (Lua Nova).
Pai Sol e Mãe Lua revelam-nos como fazer, basta olhar e ver! A Natureza é tão sábia…Esta Inteligência Cósmica que a tudo permeia, mostra-nos que para brilhar em todo o nosso esplendor é preciso primeiro escurecer, largar a identidade, largar a vaidade, largar tudo o que não condiz com ser-se verdadeiramente Espírito na Matéria.
Assim, este é um daqueles momentos únicos de Morte e Renascimento, que pode ser aproveitado por todos quantos desejem realmente VIVER! Experimentar Ser na Matéria, conscientes de que somos feitos de pó estelar, que somos poeira espacial, que somos energia condensada num corpo, cuja natureza é efémera, é verdade, mas que enquanto existe na condição ou na esfera da materialidade, deve ser respeitada e consagrada à Luz.
O nosso veículo humano não é para ser mal utilizado, porém abusamos dele todos os dias. Colocamo-lo ao serviço de uma "persona" sem escrúpulos, que apenas pensa no seu belo prazer. Entupimos o corpo com comida, álcool, pensamentos negativos, criticando tudo e todos, inclusive a nós mesmos. É essa postura que corrói as nossas células, que então adoecem e ao se multiplicarem criam mais células doentes. Ou então as células pura e simplesmente desligam os seus interruptores por falta de Amor, falta ou ausência do nosso próprio Amor por nós. Ausência de Amor-próprio equivale a sucumbir, a desaparecer, a morrer sem consciência do processo de transformação. As células morrem por falta de Luz, de Sabedoria, de Conhecimento, de Amor, de Cuidado.
Afirmamos que não temos tempo para estudar, para nos auto conhecermos, mas temos tempo para maldizer, para julgar os outros, para tecer comentários ofensivos, para criar artefactos que tiram a vida a qualquer ser vivo. Temos tempo para destruir, mas não temos tempo para construir? Temos tempo para atirar pedras ao outro mas não temos tempo para acarinhar o outro? Temos tempo para ver vídeos tontos, sem sumo nenhum, ou ler acerca de tolices que não devolvem nenhum crescimento ou nos trazem conhecimentos válidos, mas não temos tempo para escutar a Natureza, para observar os seus fenómenos ou sequer para agradecer por tudo o que Ela nos proporciona?
Escurecer para depois Renascer!